Mais do Mesmo


Vamos amar o clichê, escrever errado, gostar de coisas coloridas porque estão na moda, abraçar as indiferenças. Rir com a tragédia do próximo, ajudar apenas para alimentar nosso ego. Ser herói de aluguel. Viver com medo de ser roubado e perder o que mal tem. Vamos votar em quaisquer candidatos - sem pesquisar, contando com a opinião da mídia e de seus amigos -, naquele que faz o maior número de promessas por minuto, naquele que é bom de briga: usa seus preciosos segundos durante os comerciais para atacar o oponente, que hoje em dia é sinônimo de inimigo mortal. Liberar bandidos, soltar estupradores nas ruas.
Ignore seus sentimentos, esconda-os, rápido! Homens: fiquem com seu futebol; mulheres: tornem-se lésbicas. Vamos destruir, matar, extinguir, aniquilar. Nós, humanos, não aprendemos com os erros, apenas jogamos a culpa no outro. Beijem os pés dos novos deuses de nossa geração: Fiuks, Felipes Netos, Restarts. Chamem um velho acabado, negro e racista de deus do futebol. Escute pessoas que acreditam em Deus separando realidade de fantasia como se a História fosse um fast-food.
Ignore a História. Ela é cheia de mentiras e derrotas.



Escreva, dirija, atue e/ou produza um filme que ninguém vai entender e seja criticado por isso. Assista a um filme nonsense e finja que entendeu. Invente uma teoria sobre o mesmo. Faça como Eu: crie um blog só para... para... para nada. Considere-se seu maior leitor, mesmo odiando tudo que escreveu depois.
Aproveite o silêncio. Durma com o inimigo, sonhe com o caos. Espere as palavras aleatórias formarem frases dentro de um contexto, seja ele compreensível ou não, mas passe sua mensagem, seja ela qual for.
Faça uma boa ação e ao mesmo tempo faça uma maldade: dê um miojo cru ao mendigo na esquina.
Mais importante: escreva pouco, pois a maioria das pessoas tem preguiça de ler.





Quantos vão procurar por algum sentido aqui? Quantos vão ler até o final? Quantos vão se perder no meio do caminho? Isso não importa.

2 comentários:

Cássio D. Versus disse...

Dramático, mas não deixa de ser uma espécie de protesto irônico (e bonito!) muito realista.

V.Carity disse...

Cara que texto foda ^^