Baseado em Fatos... Fictícios?

Nessa postagem falarei sobre a nova onda de filmes de terror que são pseudo-documentários, ou seja, o que chamo de "filme com uma câmera". São muitos, então vou comentar apenas alguns dos mais interessantes. Antes de tudo, o mais importante nessas produções é o marketing e, com a internet mais presente que nunca, os espertinhos deitam e rolam (sempre quis falar isso) e provocam nossa curiosidade, fora isso, assim como políticos, eles dependem, também, do boca a boca. A idéia principal é divulgar pouquíssimas informações, dizer que é baseado ou inspirado em fatos reais também ajuda, e muito. Até hoje tem gente pensando que "O Massacre da Serra Elétrica" é baseado em registros achados na residência de um maluco deformado e sua família canibal que matava as pessoas por aí. O remake só piorou as coisas. O assunto remake fica para depois, mas ainda falarei sobre em certo momento do texto.


Um filme que, sinceramente, me assustou muito quando o assisti pela primeira vez foi "A Bruxa de Blair". Eu era bem novo e ficava sozinho à noite com frequência, meu passatempo predileto era assistir a filmes (pensaram besteira, é?) ou jogar Super Nintendo. Num desses dias, aleatoriamente peguei "A Bruxa de Blair" sem saber muito além do nome.
Sinopse bem simples: Três estudantes se enfiam em uma floresta de Burkittsville, nos EUA, para filmar um documentário sobre uma lenda local e jamais foram encontrados. Um ano depois acharam as gravações dos últimos momentos desses estudantes.
O filme é repleto de horror psicológico. Quando o assisti, sentia um agradável misto de medo e curiosidade, podia estar com a vontade suprema de desligar aquilo e jogar algo bem colorido como Super Mario ou Zelda, mas uma força chamada "curiosidade" segurava minha mão e dizia "espera, agora que fica legal". Com certeza não fui o único a sentir isso. Depois de assistí-lo, resolvi fazer uma pesquisa usando meus poucos recursos, ou seja: perguntar a professores. Boa parte ainda nem havia tocado nesse filme, mas depois assistiram. Todos disseram que, obviamente, era apenas ficção. Um deles se aprofundou mais, contando que o divulgação foi sempre envolta a mistérios. Já quanto aos bastidores, soube que os estudantes (interpretados como eles mesmos) apenas receberam aulas de filmagem e foram deixados na floresta, durante oito dias, com pouca comida e um GPS, para documentar a lenda. A equipe de produção se escondeu na floresta para assustá-los, fazendo com que pensassem que a lenda era real. Olhando assim, fica até engraçado. Uma "pegadinha" bem macabra.
Na época, o boca a boca e a internet foram os principais centros de divulgação do "documentário". "Bruxa de Blair" lucrou milhões, se não me falha a memória, o custo do filme foi aproximadamente 35 mil dólares, e ganhou alguns significativos prêmios. Com todo o sucesso, é claro que teve uma continuação: "O Livro das Sombras", que, ao contrário do anterior, não foi a mesma coisa e caiu no esquecimento.



"Cloverfield - O Monstro" é o tipo de filme que só mostra seu poderio nas salas de cinema ou em casas com um sistema de som digno de causar inveja. É a velha história do monstro gigante que invade uma cidade. A grande diferença, além dos efeitos especiais muito realistas, era, claro, o modo como foi  filmado, com aquele ar de vídeo amador. O longa mostra um grupo de amigos tentando sobreviver ao ataque que, até então, parece um ato terrorista. Houve uma grande campanha de divulgação. Fiz questão  de assistir a "Cloverfield" em sua estréia e não me arrependi. Nada como ver o exército dos EUA, com o perdão da frase, com o cu na mão, sem saber o que fazer em frente a tamanho ataque. Uma cena que merece destaque é uma onde a cabeça da Estátua da Liberdade é arremessada no meio da rua, como se fosse lixo. A forma como ela se aproxima dos protagonistas é incrivel. Lembro que um monte de pessoas passaram mal durante a sessão, por causa dos movimentos bruscos e nauseantes da câmera.



Você acredita em fantasmas? Não tenho muito o que falar sobre "Atividade Paranormal", mas vamos lá. É um longa independente, de 2007, que estreou no festival de cinema Screamfest. Em janeiro de 2008 foi exibido durante o festival Slamdance. Após isso, foi landado em vários cinemas dos EUA em outubro de 2009. No Brasil, foi exibido pela primeira vez, em poucas salas, no final de novembro. Sua estréia oficial foi no dia 4 de dezembro.
"Atividade Paranormal" conta a história de um casal, Kate e Micah, que moram juntos em uma casa na Califórnia. Kate diz ao namorado que há uma presença fantasmagórica que a persegue, atormentando sua vida desde que era jovem. Micah, cético, resolve documentar todo o dia-a-dia deles dentro de casa, inclusive enquanto dormem. Em certo ponto, Katie chega a chamar um demonologista. Durante as filmagens noturnas, muitas atividades são captadas, e, ao longo da documentação, os acontecimentos vão piorando. É praticamente o novo "Bruxa de Blair" e, como lucrou bastante, já tem uma continuação sendo produzida.
O filme não é real, mas, sim, inspirado em uma experiência paranormal que o diretor do longa teve. Uma curiosidade engraçada é que Spielberg, padrinho do filme, alegou ter ficado trancado dentro de seu quarto enquanto assistia a sua "cópia mal assombrada". Puro marketing. Além disso, o filme tem um final alternativo. Quem assistiu a mesma versão do festival de 2007 viu um final enquanto quem assistiu nos cinemas, viu o outro. Não vou contá-los, é claro. Seguindo o esquema, vou deixar o trailer abaixo, mas se você quer assistir ao filme e ter surpresas, não assista. Fica por sua conta.



Cansados? Esse é o último. "[REC]", de 2007, um ótimo filme de terror ambientado em Barcelona, na Espanha, mais precisamente falando, dentro de um prédio. Estreou por aqui em 2008. E, como foi bem recebido mundialmente, nossos amigos norte-americanos logo fizeram um remake, chamado "Quarentena". Atualmente o longa espanhol teve sua continuação lançada, "[REC]²", que não vingou e saiu do foco.
Como disse acima, ele se passa em um prédio que misteriosamente foi contaminado com o que seria uma variação do vírus da raiva. No começo do filme, temos uma repórter e seu cameraman gravando a vida noturna dos bombeiros, até que recebem uma chamada vinda do prédio em questão. Ao chegar, a equipe fica presa do lado de dentro e o local é posto em estado de quarentena.
A primeira vista, parece apenas mais um filme sobre zumbis, mas quem assiste acaba esquecendo esse preconceito devido ao clima sombrio repleto de acontecimentos inesperados. Filmado sempre com uma câmera, "[REC]" usa e abusa do fator surpresa e do realismo. A proposital falta de muita luz contribui, e muito.
Um de seus primeiros comerciais de divulgação foi um vídeo mostrando a reação de quem assistia, sem mostrar as cenas.





Evitei ao máximo soltar spoilers, estragar certas supresas, se você não assistiu a nenhum desses filmes, fica aqui minha indicação.

2 comentários:

V.Carity disse...

Na minha humilde opinião, Atividade Parnormal é uma merda e das grandes é tão ruim, mas tão ruim que não recomendo ninguém.Por outro Cloverfield é um filme realmente bom e você não vai se sentir extorquido ^^

Cássio D. Versus disse...

Muito boa a postagem, finalmente mostrando um pouco mais de seu conhecimento cinematográfico.
Excelentes indicações. Recomendo também (nessa mesma linha, claro)
Canibal Holocausto (filme de horror que inspirou definitivamente outros longas do gênero, embora muitas pessoas acreditem
que toda essa 'moda' de pseudo-documentários tenha aparecido depois de "A Bruxa de Blair", enfim),
e óbvio, peço também que faça uma outra postagem, futuramente, sobre o mesmo assunto e dicas,
mas focado em histórias diversas além do horror, como "Zelig" do Woody Allen, "Borat", e etc..
(Até o "Por Trás da Máscara" merece também uma pequena porcentagem de atenção, diga-se corriqueiramente) ...
Espero desde já novos posts envolvendo a sétima arte, e sua versatilidade em comentar qualquer matéria...