O Rio de Janeiro Continua Lindo?

Começo esse texto dizendo que tenho uma certa vergonha de ser carioca. Tá, tá, quase sempre, e sei que não sou o único. Do jeito que as coisas andam por aqui, aquela velha comparação com o Iraque passará a ter sentido. Não pretendo escrever algo muito longo, massante e chato. Pretendo me expressar com relação a futura Gotham City brasileira, sem o Batman.
Uma série de grandes eventos vêm por aí: copa, olimpíadas, talvez um Rock In Rio, e com isso nosso amado governo resolve lembrar de cuidar do estado. Um destaque para as UPPs, a Unidade de Polícia Pacificadora. Consiste em uma medida que devia ter sido pensada e posta em prática há anos: a polícia se instala nas favelas e lá fica, mantendo a total paz e tranquilidade a seus moradoes enquanto buscam por drogas, armas e alguns bandidos que não conseguiram fugir. Resumindo: os gatos entram, entocam os ratos e, com isso, eles correm para todas as direções. À primeira vista parece algo eficiente, mas enquanto rolam essas ocupações, os "ratos" vão às ruas com maior intensidade, causando cada vez mais caos. Ainda tem a questão do "e depois?", já que, quando os eventos acabarem, tudo voltará a ser como era antes.
Alguém lembra do Panamericano? Fizeram tudo em cima da hora, com erros de planejamento e deu a maior merda. A mesma coisa está acontecendo. Incrível a capacidade do governo de repetir erros. Os hospitais públicos estão precários, isso não é novidade por aqui, mas nada vai mudar, já que a prefeitura está mais ocupada em obras envolvendo lazer. A idéia é investir no lazer visando atrair turistas que vão torrar suas carteiras em drogas, bebidas e putas: a Santíssima Trindade do país. É incrível como ainda existam patriotas aqui.
O Rio de Janeiro, ao meu ver, segue o modelo feudal: no lugar dos muros, temos favelas ora dominadas pelos traficantes, ora dominada pelas milícias. Quando bem entendem, resolvem cobrar tributos roubando, destruindo, estuprando, matando, às vezes tudo junto. Já cansei de ver pivetes consumindo drogas em plena luz do dia em ruas lotadas, visitadas até por turistas. A TV mostra, as autoridades se mobilizam para fazer algo. As medidas tomadas são a apreensão desses lixos, deixando-os em pseudo-reformatórios caindo aos pedaços, no dia seguinte estão nas ruas outra vez. E segue o ciclo.  Agora que voltaram os olhos a máfia dos taxis, que existe há tempos, claro, só porque a mídia mostrou ao povão, que está mais preocupado com o próximo capítulo de Malhação. Taxi no RJ é um privilégio para poucos.
Nunca acredito quando falam que o índice de criminalidade está diminuindo. Se está, talvez seja em outra dimensão. Não quero ter filhos num lugar onde alguém pedindo informação sobre uma rua pode enfiar uma arma na sua cara e roubar até sua alma, onde nordestinos e favelados se acham os donos do mundo com sua música alta, comportamento marginal e falta de educação. Sabe o mais escroto nisso? Quando são tratados com desprezo pela sociedade que já é bem egoísta e preconceituosa, bancam as vítimas, choram nos jornais... Ah, claro, e quando traficante morre? "Era um bom rapaz que nunca fez mal à ninguém", ou fazem pequenas revoluções queimando transportes públicos, jogando pedra no prédio da prefeitura. Calma, calma, não esqueci os filhos de ricos que aprontam por aí, essa laia é tão fraca psicologicamente quanto aos tipos citados, adoram escutar funk "proibidão" enquanto tomam suas doses ou chupam o saco dos bandidos para conseguir uma pedra extra. Não precisam se preocupar com a vida, já têm tudo na mão.
Não vou falar da Baixada, dispensa comentários.
Porra, ainda têm pessoas que defendem a atitude verbal do Wagner Montes. Me pergunto o que esse apresentador de circo fez como deputado.

Um comentário:

Cássio D. Versus disse...

Parabéns, mais uma boa e proveitosa postagem...
(In)felizmente concordo com grande porcentagem (ou talvez tudo!) sobre sua realista observação.
Nordestinos, favelados, política medíocre, hipocrisia esparsa, ausência de educação e disciplina,
acho que com poucas palavras você conseguiu descrever com perfeição (por assim dizer) a nossa obscura cidade, e sociedade.